Esta nova versão, embora fiel ao enredo original, se adapta às transformações do setor cacaueiro, especialmente no que diz respeito à produção de chocolate. A história, que antes se concentrava na produção de cacau como base da riqueza na região de Ilhéus, agora se volta para a fabricação local de chocolates finos, destacando a evolução do empreendedorismo na área.
Essa mudança não apenas reflete os avanços tecnológicos e de mercado, mas também aborda a resiliência e inovação dos produtores de cacau, que souberam se reinventar diante das adversidades, como a crise provocada pela praga da vassoura-de-bruxa. Entenda!
Quando "Renascer" estreou pela primeira vez em 1993, a novela capturou a essência da vida e dos desafios no coração da região cacaueira do sul da Bahia, apresentando uma rica narrativa sobre amor, poder e a luta pela terra.
Três décadas depois, a nova versão da novela não só presta homenagem à trama original de Benedito Ruy Barbosa, mas também traz à tona as transformações significativas que ocorreram na indústria cacaueira, especialmente no empreendedorismo ligado ao cacau e à fabricação de chocolate.
Afinal, nos últimos 30 anos, o cenário do empreendedorismo cacaueiro mudou radicalmente. A crise causada pela vassoura-de-bruxa no final dos anos 80 devastou a produção de cacau, forçando os produtores a buscar alternativas de viabilidade econômica.
Uma dessas alternativas foi a exploração do potencial turístico das fazendas de cacau e, mais significativamente, a iniciação na fabricação local de chocolates finos. Esse movimento para a produção de chocolate "do grão à barra" permitiu aos produtores controlar todo o processo de fabricação, garantindo chocolates de alta qualidade com menos aditivos.
O impacto cultural e social da nova fase do empreendedorismo cacaueiro, marcado pela fabricação de chocolates finos, é profundo e multifacetado. Nos últimos 30 anos, o setor não apenas se recuperou de crises, mas também promoveu a valorização da identidade regional e o fortalecimento da economia local.
A mudança de foco para a produção de chocolate de alta qualidade tem reforçado o orgulho cultural da região cacaueira, especialmente no sul da Bahia, onde o cultivo do cacau e a produção de chocolate se entrelaçam com a história e a vida das pessoas.
A fabricação de chocolate finos, realizada por pequenas empresas familiares — e
muitas vezes lideradas por mulheres —, revitalizou a economia local, proporcionando novas oportunidades de emprego e renda.
Essa nova dinâmica do setor cacaueiro também impulsionou o turismo na região, atraindo visitantes interessados em conhecer de perto as fazendas de cacau, as fábricas de chocolate artesanal e a rica cultura local.
Além disso, a consciência sobre a importância da sustentabilidade e do comércio justo cresceu significativamente. Os produtores adotaram práticas agrícolas mais sustentáveis, como o sistema agroflorestal cabruca, que não só preserva a biodiversidade da Mata Atlântica, mas também garante a qualidade do cacau produzido.
Por fim, essa abordagem tem fortalecido a relação entre os produtores e a comunidade, promovendo uma produção mais ética e responsável.
O uso de técnicas avançadas e sustentáveis na agricultura permitiu aos produtores aumentar a qualidade e a quantidade do cacau produzido, superando os desafios impostos por pragas e doenças.
A adoção do modelo "bean to bar" (do grão à barra) e "tree to bar" (da árvore à barra) por parte dos chocolatiers locais permitiu um controle mais rigoroso sobre a qualidade do produto final.
Esses métodos envolvem o manejo cuidadoso dos grãos de cacau desde o cultivo até a produção do chocolate, sem adição de ingredientes artificiais, preservando as características únicas do cacau.
Além disso, as inovações não se limitam apenas ao campo agrícola, mas também abrangem a produção de chocolate, com a exploração de novas receitas, sabores e técnicas que atendem às demandas dos consumidores por produtos orgânicos, veganos e com menor teor de açúcar.
Dessa forma, a utilização de tecnologia na fabricação do chocolate tem possibilitado aos empreendedores cacaueiros criar produtos diferenciados e de alta qualidade, atendendo a um mercado cada vez mais exigente e consciente.
A nova versão de "Renascer" vem em um momento em que a Bahia e o Pará se destacam como o maior estado produtor de cacau fino do Brasil, marcando uma distinção clara entre as "duas Bahias" de 1993 e de agora.
A indústria do cacau, que aprendeu com os erros do passado, agora foca na valorização e no beneficiamento do produto para garantir rentabilidade e sustentabilidade.
Sendo assim, este renascimento do cacau movimenta uma cadeia produtiva que vai além das fábricas de chocolate, envolvendo também outros setores econômicos da região.
Então, se você se interessa pela história e pelos benefícios do cacau, confira nosso artigo “Descubra o universo do cacau: sua história, significado cultural e econômico” e fique por dentro de tudo sobre o assunto!