Chocolate é vida, né? Mas parece que a vida está ficando mais amarga para os amantes de chocolate. É que o cacau, aquele ingrediente que transforma qualquer dia ruim em um dia melhor, está dando uma sumida das prateleiras.
Com a produção mundial em baixa, o preço do cacau está subindo mais rápido do que o esperado. E aí, quem paga a conta? Quando o preço da matéria-prima sobe, quem paga a conta somos nós, consumidores.
Por isso, neste artigo, vamos mostrar como essa alta no preço do cacau pode impactar a indústria do chocolate e dar uma visão mais clara do que esperar para os próximos meses. Continue lendo para entender!
Nos próximos meses, o preço dos chocolates deve subir, e o principal motivo é o aumento no valor do cacau. Estamos passando por uma das maiores crises de oferta dessa matéria-prima nas últimas décadas, e isso tem pressionado o mercado.
Até 2023, o cacau era uma das poucas commodities que não havia superado seus recordes históricos da década de 70. Mas essa história chegou ao fim: de janeiro de 2023 a maio de 2024 — de acordo com a Kantar, empresa de pesquisa e análise de mercado — o preço do chocolate no Brasil já acumulou uma alta de até 18% e a tendência é que esse valor continue subindo.
Grandes fabricantes, como a Nestlé, já estão de olho nesse cenário. A empresa, que conseguiu segurar os preços no começo do ano por causa de estratégias de proteção, não espera ter a mesma sorte no segundo semestre. Em entrevista pro Globo Rural, a diretora financeira da marca, Ana Manz, afirmou que os ajustes nos preços serão inevitáveis se o valor do cacau continuar subindo.
E esse cenário parece cada vez mais provável, já que a demanda mundial por cacau deve superar a oferta em quase 440 mil toneladas na safra de 2023/24, segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO).
Com o preço da tonelada de cacau alcançando recordes — como os US$ 11.878 em abril — o mercado não tem muito para onde correr. As indústrias até tentam encontrar formas de equilibrar os preços, lançando novos formatos de produtos e focando em embalagens promocionais, mas a pressão no custo vai, inevitavelmente, chegar ao consumidor.
O desafio agora é conseguir manter o volume de vendas sem perder a qualidade e a preferência do público. Para quem não abre mão do chocolate, o ideal é se preparar para essa nova realidade.
Como mencionamos, a escassez de cacau está mexendo com a indústria do chocolate e os efeitos já começaram a aparecer. Com colheitas mais fracas na Costa do Marfim e em Gana, dois dos maiores produtores do mundo, a oferta global de cacau está diminuindo.
Produtores e consultores alertam que a oferta de matéria-prima não é suficiente para atender a demanda da indústria. Apesar disso, grandes processadoras como Cargill e Barry Callebout ainda não enfrentam interrupções em suas operações.
No entanto, dados da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) mostram uma queda de 37,4% no volume de amêndoas recebidas no primeiro semestre de 2024, indicando a gravidade da situação. A expectativa é que a produção continue baixa no segundo semestre devido a fatores climáticos e pragas.
Sendo assim, a Organização Internacional do Cacau (ICCO) prevê que a oferta deve cair mais de 10% neste ano, com um déficit global estimado de 400 mil toneladas.
Já vimos que essa redução na oferta pressiona diretamente o preço do produto final, mas apesar do cenário desafiador, o brasileiro ainda não abriu mão do chocolate.
Dentro de casa, o consumo se mantém estável em termos de penetração, mas o volume cresceu 16%. Essa alta é impulsionada principalmente por produtos mais como barras de chocolate e confeitos, que registraram um crescimento de 23% e 33,5%, respectivamente."
O volume e a frequência de compras para dentro de casa aumentaram cerca de 8%, principalmente entre as mulheres mais maduras e a classe C. Já fora de casa, a realidade é diferente: o consumo de chocolate caiu 9%, com muitos brasileiros optando por produtos como sorvetes e biscoitos.
A escassez de cacau deve continuar sendo um grande desafio para a indústria nos próximos meses, exigindo muita criatividade para equilibrar os custos e manter o interesse dos consumidores.
Apesar de, por enquanto, o impacto não ser tão massivo, especialistas já alertam para possíveis aumentos de preços, especialmente com a Páscoa de 2025 se aproximando.
Os ovos de chocolate, um dos produtos mais tradicionais da época, podem ficar mais caros, e as empresas estão buscando alternativas para conter esses aumentos.
Como os ovos de chocolate dependem bastante do cacau, as empresas podem ter que buscar alternativas que reduzam o uso desse ingrediente, como waffles e bombons. Além disso, o setor varejista — incluindo grandes marcas, como a Garoto — já vem diversificando os produtos para minimizar o impacto dos preços mais altos.
Essas mudanças podem ajudar a manter os preços um pouco mais estáveis para o consumidor final, mas ainda assim, é provável que alguns reajustes aconteçam.
Mesmo com o preço do cacau em alta, o brasileiro voltou a comprar mais chocolate. De janeiro a maio de 2024, o consumo cresceu 15,5% em volume. As barras de chocolate e caixas de bombom foram os grandes responsáveis por esse aumento, enquanto os tradicionais ovos de Páscoa representaram apenas 12,6% do volume de mercado.
Marcas como Nestlé e Peccin estão aproveitando essa diversificação para ampliar as vendas, oferecendo não só os chocolates tradicionais, mas também novos produtos que utilizam menos cacau.
Por fim, o consumo de chocolate segue forte, mas a demanda começa a se mostrar mais sensível ao preço. Ou seja, se os valores subirem muito, o consumidor pode migrar para outras categorias, como biscoitos e sorvetes, o que já está acontecendo.
Para a Páscoa e os próximos meses, a tendência é que as empresas sigam buscando maneiras criativas de manter o chocolate acessível, sem perder a qualidade que o consumidor tanto gosta.
Com o cenário de escassez de cacau e a alta nos preços, é importante que tanto consumidores quanto empresas fiquem atentos às movimentações do mercado. As mudanças nos preços podem impactar diretamente o que colocamos no carrinho e, ao mesmo tempo, desafiar as marcas a se reinventarem para oferecer alternativas mais acessíveis sem perder a qualidade.
É importante lembrar que o chocolate é um produto complexo — influenciado por diversos fatores, como clima, pragas, demanda e políticas agrícolas — e a alta do cacau é apenas um dos desafios que a indústria precisa enfrentar.
Por enquanto, mesmo com o aumento dos custos, o consumo de chocolate no Brasil se manteve forte. No entanto, essa resistência pode começar a ceder se os preços continuarem subindo.
Para os próximos anos, principalmente com a chegada de datas importantes como a Páscoa, as indústrias terão que inovar, diversificando seus produtos e encontrando formas de contornar a alta do cacau.
E para garantir a qualidade e a disponibilidade do chocolate, é fundamental que haja um trabalho conjunto entre produtores, indústrias e consumidores.
Agora, já que temos que aproveitar enquanto o preço não sobe, que tal aproveitar para usar e abusar do cacau nas suas receitas? Para isso, é só conferir o nosso artigo "Como usar o cacau em pó: veja dicas valiosas" e colocar as mãos à obra!